segunda-feira, janeiro 26, 2009

Entrevista do Vereador Bruno Vitorino ao Jornal "Voz do Barreiro"

No quadro do actual executivo municipal que balanço faz do trabalho desenvolvido, nas áreas que estão sob a sua responsabilidade?

Durante este mandato, e apesar das restrições orçamentais com que as autarquias se debatem, foi possível traçar na área do ambiente uma estratégica clara, integrada e transversal, visando a sustentabilidade local. Com alguma imaginação e muito trabalho temos vindo a conseguir obter muito bons resultados e sucessos na área do ambiente e da energia.
Nos anos anteriores foi dada pouca relevância a esta área, quer ao nível do Plano Estratégico, quer da educação e sensibilização ambiental.
Anteriormente as preocupações com o ambiente limitavam-se aos espaços verdes e resíduos urbanos. Quando tomei posse existia na Câmara Municipal apenas um grupo de trabalho, tendo posteriormente passado a haver uma divisão, com pessoas e orçamento próprio, direccionada só para as questões ambientais.
O Plano Municipal do Ambiente e o Mapa de Ruído do Barreiro, que se encontra em fase de conclusão, são peças-chave no planeamento estratégico traçado. Estas duas ferramentas são essenciais para a construção de um melhor ambiente no nosso concelho.
Neste quadro, também se insere uma das minhas primeiras decisões enquanto vereador – a candidatura à constituição de uma agência de energia, que foi aprovada e cuja importância é indiscutível.
Estamos a pensar o ambiente de uma forma mais global, mais transversal, procurando construir hoje um melhor Barreiro amanhã.
Ao nível da Regeneração Urbana, responsabilidade que tive somente durante um ano, tenho pena de não ter tido oportunidade de continuar o trabalho que tinha vindo a desenvolver. Muito foi feito em pouco tempo, em especial no Barreiro Velho.

Como considera que é vista a sua acção no executivo barreirense - como um dos vários Vereadores, a quem compete delinear e por em prática as políticas municipais ou antes como "voz da oposição" à actual maioria comunista na Câmara? É (ou tem sido) fácil conciliar estes dois papéis, aparentemente inconciliáveis?

Sou oposição construtiva. Fui eleito para defender os interesses do Barreiro e dos barreirenses. Isso é o que está em primeiro lugar. Não estou aqui, como outros, numa lógica de crítica pela crítica. Faço a análise questão a questão.
Voto contra ou a favor em obediência à minha consciência e na defesa da população.
Mas também não tenho qualquer problema em votar a favor propostas que entenda serem positivas. O PSD não faz política de terra queimada.


Como vê o actual momento que o Barreiro atravessa e os projectos de investimento privado e público no concelho? Estamos no caminho do desenvolvimento da cidade e do concelho ou de um futuro (quiçá) adiado?

O Barreiro não tem sabido ao longo do tempo ter uma estratégia clara que vise a fixação de empresas e consequente criação de postos de trabalho.
A burocracia continua a ser excessiva. Os incentivos são quase inexistentes. O empresário, o empreendedor são maltratados pela Câmara.
Caso se refira ao Fórum Barreiro como investimento privado, temo que as consequências negativas ao nível do comércio local e restauração sejam maiores que as consequências positivas. Vai-se criar mais desemprego a prazo, o que não é compensado pela criação de postos de trabalho precários.
Por outro lado, vai passar a existir um monopólio do estacionamento, porque este passa a ser pago e fica na posse de uma única empresa.
Quanto ao investimento da responsabilidade do poder central, temos cortes brutais ao nível do PIDDAC, ficando adiadas mais uma vez a resolução de muitos problemas sociais, de saúde, desportivos, entre outros.
Caso se refira aos anúncios da ponte, no âmbito do projecto do TGV, a concretizarem-se serão uma janela de oportunidades, mas que não constituem desenvolvimento por si só.
Trazer mais pessoas para o Barreiro é importante, mas desde que a qualidade de vida da população que já cá habita não seja afectada.
De que serve ter nas proximidades grandes investimentos, se não melhorarem, antes piorarem, os acessos à saúde, à educação, à justiça, a uma rede transportes públicos com qualidade, à segurança de pessoas e bens…


Para o desenvolvimento do Barreiro (cidade e concelho) quais as medidas ou politicas que apontaria como prioritárias para consubstanciar esse futuro?

Actualmente, existe uma lógica competitiva entre países, distritos e cidades. O Barreiro não é excepção. Existem muitas cidades a competir com a nossa. Para que possamos ganhar este desafio são necessárias medidas que tornem o Barreiro uma cidade e um concelho atractivos.
Ser competitivo é ter uma ideia clara para a cidade. É tratar com respeito as nossas Pequenas e Médias Empresas. É apoiar e incentivar quem é empreendedor.
Para fixar pessoas é preciso dar-lhes qualidade de vida, bons espaços verdes, uma cidade limpa, acesso à educação, saúde, cultura.
Temos uma zona ribeirinha com uma potencialidade excepcional. É imperativo reaproveitar em pleno o potencial desta zona, valorizando-a para actividades de lazer e económicas, reorientando o tecido empresarial.
Para o PSD o combate à exclusão social, à pobreza escondida é fundamental. Entendemos que é necessário uma política integrada que dê resposta a estas e a outras preocupações, nomeadamente medidas que tornem o Barreiro uma cidade acessível ao cidadão portador de deficiência, bem como a todas as pessoas com mobilidade reduzida.
Pretendemos que o Barreiro seja uma cidade de todos e para todos.

Na actual conjuntura e tratando-se de um ano de eleições, nomeadamente autárquicas, poderemos considerar que 2009 será para o Barreiro e os barreirenses um ano de concretização de obras ou antes o tempo do anúncio de projectos e bonitas ideias das várias forças politicas para esta nossa terra?

Em ano de eleições é natural que se vislumbrem promessas de hotéis, marinas, cidades do cinema. Penso que acima de tudo os barreirenses pretendem uma terra solidária, sem exclusão social, sem zonas degradas, com o seu património natural protegido e potenciado.
São necessárias propostas realistas que incidam na captação de investimento e que, consequentemente, sejam geradoras de emprego e que fixem população.
Não contem com o PSD para propostas utópicas. Não vendemos ilusões.
Neste mandato, apesar de ser visível uma renovação de quadros por parte da CDU e alguma mudança de atitude e de imagem, constata-se que continua a faltar ambição e inovação.
Os preconceitos ideológicos da CDU sobrepõem-se, por vezes, às necessidades do concelho. Um exemplo é o caso da resistência à constituição de uma Sociedade de Reabilitação Urbana (SRU) com o objectivo claro de desenvolver uma estratégia de requalificação de toda a zona do Barreiro Velho.
O PSD é alternativa séria e credível e com ideias claras para a cidade.

O PSD definiu como inconciliável o cargo de Deputado com o de Autarca. Tendo em linha de conta o seu passado na Assembleia da República, a manifesta disponibilidade para servir o PSD mas também o Barreiro, quem poderá ganhar o politico e cidadão -Bruno Vitorino?

Fui Deputado à Assembleia da República durante duas Legislaturas. Trabalhei para o país, nunca esquecendo a terra onde nasci. Tive a oportunidade de influenciar muitas decisões de Governos benéficas para as populações e para o concelho, das quais destaco a solução para a nova Divisão da PSP, as novas instalações da Escola Superior de Tecnologia do Barreiro, a Unidade de Radioterapia e o apoio a muitas colectividades.
Na Câmara também deixo marca de um trabalho que entendo ser positivo nas áreas que me foram atribuídas, em que muito irá ficar para próximos mandatos, sendo útil para esta e outras gerações.
Tenho consciência que cumpri com aquilo que me era exigido e que não desiludi quem em mim acreditou.
Com trabalho e obra feita, espero continuar com esta postura em qualquer cargo que me venha a ser confiado pelo meu partido e pela população.


*Entrevista publicada no Jornal "Voz do Barreiro" em 23 de Janeiro de 2009